Depois de enterrar a sua mulher, foi para o litoral com o seu filho.

Maxim regressou lentamente, com o coração a bater forte.

Era impossível… era impossível.

Uma mulher de vestido branco, com o cabelo apanhado num carrapito solto e uma figura familiar, segurando um chapéu de palha nos braços, caminhava lentamente pelo caminho de paralelepípedos que conduzia à beira do quebra-mar.

Caminhava calmamente, direita, e o vento agitava suavemente o seu vestido.

Maxim sentiu o sangue desaparecer do rosto.

As suas pernas cederam sob ele.

Era ELA.

O mesmo movimento dos seus ombros, o mesmo andar leve.

A mesma presença.

A mulher que amou até ao último suspiro.

A mulher que enterrou com as suas próprias mãos apenas sete meses antes.

« Não… é impossível… », sussurrou ela, trémula.

Yegor escapou-lhe dos braços e correu direito à mulher.

« MÃE! », gritou ela, chorando de felicidade.

A mulher parou.

Virou-se lentamente.

Então Maksim sentiu a respiração presa na garganta.

Tinha o rosto de Elena.

Sua esposa.

Todas as funções.

Mas nos seus olhos… havia algo mais.

O seu olhar era frio.

Indiferente.

A mulher olhou para Yegor e recuou um passo.

« Envergonhas-me, pequena », disse ele calmamente.

« Eu não sou a tua mãe. »

Yegor parou de repente.

Olhou-a com os olhos arregalados, sem entender nada.

« Sim, tu és… tu és a mamã! », disse em voz baixa.

« Tens a voz dele… e o cheiro dele… »

Maksim chegou com a alma despedaçada.

Ele olhou para ela.

Mais perto.

Muito mais perto.

E depois… ele viu.

Esta mulher não era Elena.

Era quase uma sósia perfeita, mas não ela própria.

Tinha traços faciais semelhantes, mas não tinha rugas tão finas à volta dos olhos.

Não aquele ligeiro tremor nos cantos da boca.

Não aquele brilho que Elena tinha nos olhos.

Mas quando a mulher olhou para Maxim… cambaleou um pouco.

« Tu… e eu… » murmurou.

« Não pode ser só uma coincidência… »

De repente, levou a mão ao pescoço e tirou um medalhão antigo.

Abriu-o e lá dentro… estava uma fotografia antiga.

Uma fotografia de uma menina e duas gémeas.

« Fui adotada num orfanato na Rússia.

Disseram-me que os meus pais morreram num incêndio.

Mas senti sempre que faltava alguma coisa.

Que estava outra pessoa. »

Maxim congelou.

O medalhão parecia exatamente igual ao que Elena usava.

A fotografia…

« Não… isso é impossível », disse ele baixinho.

— Você é…

A mulher olhou-o com lágrimas nos olhos.

— Eu sou a irmã gémea da sua mulher.

Parecia que o chão se abria sob os pés de Maxim.

Yegor não percebia nada.

No entanto, agarrou a mão da mulher e não a queria largar.

— Já que não é minha mãe, pode ficar connosco? — perguntou ele.

A mulher sorriu tristemente.

— Talvez… eu não fosse tua mãe, mas… gostava de fazer parte da tua vida.

Exatamente como ela gostaria.

Maxim passou a mão pelos olhos, sentindo as lágrimas.

Era como se o destino lhe tivesse devolvido um pedaço de Elena.

E então compreendeu: a vida continua, às vezes de formas que não conseguimos compreender.

E o amor verdadeiro… não desaparece.

Simplesmente assume formas diferentes.

E o verão que parecia perfeito estava apenas a começar.

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